O Parque Natural da Arrábida, localizado na Península de Setúbal, é uma reserva biogénica, com uma área de aproximadamente 10800 hectares. Descubra as 5 principais razões para visitar este local.
Os primeiros sinais da presença humana nesta região datam de há 200.000 a 400.000 anos atrás, tendo já sido encontrados vestígios de neanderthal numa caverna agora conhecida como Gruta da Figueira-Brava. As zonas costeiras também contribuem para a construção da história deste lugar, tendo sido encontrados vestígios arqueológicos que datam de há 4000 anos, datando da passagem de civilizações do Mediterrâneo e do Atlântico. Por sua vez, os povos romanos, muçulmanos e árabes também deixaram vários testemunhos nas montanhas, tendo estes últimos introduzido no século VII, moinhos de vento no topo de algumas pequenas colinas, que ainda hoje se encontram de pé. Da Idade Média e do Renascimento existem capelas, conventos e fortalezas. Um destes exemplos é a Lapa de Santa Margarida, situada perto do Portinho da Arrábida, num pequeno recanto. Há uma capela no interior desta lapa onde todos os anos se realiza uma cerimónia religiosa em honra de Santa Margarida, daí o seu nome. Continuando ao longo do Portinho da Arrábida, pode ver-se o Forte de Nossa Senhora da Arrábida, construído em 1670 por D.Pedro II. Em tempos serviu de baluarte protector da costa contra os corsários mouros, mas actualmente alberga o Museu Oceanográfico e um Centro de Biologia Marinha, que desenvolvem um trabalho ativo na divulgação da educação ambiental. Embora parte da história desta região já tenha sido desvendada, existe ainda um mistério à sua volta, fazendo da Arrábida um local emocionante para os visitantes.
As manifestações culturais associadas à região da Arrábida constituem um património e dão sentido a um longo património cultural. Aqui é preservado um conjunto significativo de tradições centenárias que a própria comunidade mantém viva até aos dias de hoje. Entre elas está a festa de Nossa Senhora da Arrábida, celebrada pelos pescadores em honra da sua padroeira. No passado, as festividades duravam quatro dias e incluíam a presença de bandas e uma viagem de barco ao convento que culminou em celebrações religiosas, com o regresso a casa numa procissão marítima. O tempo passado no convento foi de constante alegria, com petiscos, cantoria e dança durante toda a noite. Outra tradição local é a arte de “chincha”, uma antiga técnica de pesca em que a rede, fixada a um cabo na praia, é levada para o mar por um barco que, através de um movimento circular, se estende a várias dezenas de metros da costa, regressando à praia com outro cabo. A gastronomia regional é também um parâmetro importante em termos culturais. Pratos como choco frito, guisado de peixe e guisado de choco caracterizam a zona da Arrábida e, para adoçar a boca no final, há também doces tradicionais como tartes de azeite e farinha torrada. Um elemento enológico mundialmente famoso da região é o Moscatel de Setúbal, que se caracteriza por ser um vinho doce, excelente como aperitivo.
Entre os seus vales e montanhas, o horizonte exibe uma das paisagens portuguesas mais encantadoras, sendo a Serra da Arrábida uma barreira entre as águas cristalinas do litoral e o interior, onde predomina uma vegetação luxuriante. O ponto mais alto desta serra, chamado “Formosinho”, tem 501 metros de altura, dando uma vista panorâmica de toda a região. Dentro dos seus trilhos verdes, a Serra da Arrábida é um tesouro local de um ponto de vista geológico, espeleológico e paleontológico, apresentando inúmeras cavidades cársticas das quais se destaca a Gruta do Frade, caracterizada pela sua singularidade e beleza. Existem também vários depósitos fósseis de dinossauros que foram declarados Património Cultural e Intangível de Cabo Espichel. A Arrábida tem enormes falésias junto ao mar que se encontram num mar calmo e cristalino, característico da região. Uma destas, denominada “Risco”, é proclamada como a mais alta escarpa costeira de calcário da Europa. A costa esconde exemplos das praias mais encantadoras do país, algumas delas desconhecidas para muitos, como a praia de Galapinhos, que só depois de ser considerada pelos Melhores Destinos Europeus como a mais bela praia da Europa, começou a receber mais reconhecimento por parte da população portuguesa e estrangeira.
Toda a atmosfera que rodeia a Arrábida promete proporcionar momentos inesquecíveis e estimular o espírito aventureiro que existe em todos, tudo isto num panorama de extrema beleza. Existe uma grande variedade de actividades praticadas na região e abrangem os três elementos: ar, terra e água. Em termos de terra, os vários trilhos da Serra criam as condições ideais para um simples passeio a pé ou de bicicleta. Ao longo da fenda da Arrábida existem também inúmeros muros de escalada, dos mais variados níveis de dificuldade, que proporcionam uma excelente oportunidade tanto para os veteranos do desporto como para os curiosos principiantes. O céu azul da Arrábida e os seus ventos fazem dela um local famoso para o parapente. Esta é uma actividade que desperta uma sensação de adrenalina e que permitirá ao participante ver toda a paisagem que rodeia as montanhas de um ponto de vista superior. A zona costeira da Arrábida, devido à sua localização virada a sul, está protegida dos ventos do norte, resultando em águas serenas e límpidas. Estas características fazem desta região um local onde os desportos náuticos não só são frequentes como também recomendados. Entre os mais praticados estão o mergulho e o snorkelling, que permitem aos participantes desfrutar dos vários recifes que a Arrábida oferece e de toda a vida marinha que neles se abriga. Para além das atividades já mencionadas, existem outras como a espeleologia, o SUP, o coasteering e a canoagem. Com tanta escolha, visitar a Arrábida nunca será aborrecido, tudo o que se tem de fazer é entregar-se a uma destas aventuras.
O solo e o clima ameno característico da Serra da Arrábida têm permitido o crescimento de uma vegetação exagerada, que a cobre com um verde infinito e serve de abrigo a uma inumerável biodiversidade animal. Entre a vasta vegetação exuberante, que assume várias formas e alturas, destacam-se duas espécies que só existem na Arrábida: a Corriola do Espichel (Comvolvulus fernandesii) e o Trovisco do Espichel (Euphorbia pedroi). Na zona da Arrábida existem cerca de 260 espécies de todos os tipos de vida animal, desde anfíbios, répteis, aves e mamíferos. As suas zonas costeiras, onde as falésias estão em perfil, são habitats perfeitos para aves de rapina como o falcão peregrino (Falco peregrinus), o ibex (Falco subbuteo) e a águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus). Para além destas três espécies, a Serra da Arrábida alberga cerca de 197 espécies de aves, sendo algumas delas o único local de nidificação de penhascos na Europa. Ao longo da sua extensão existem cerca de 34 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o javali europeu (Sus scrofa scrofa), a lebre (Lepus capensis), o mangusto (Herpestes ichneumon) e mesmo as famosas raposas (Vulpes vulpes) que tão inspiraram a criação da Arrábida Experiences. Relativamente aos ecossistemas marinhos que rodeiam a Serra da Arrábida, estes são habitados por mais de 1300 espécies, incluindo raias, tubarões, polvos, uma vasta gama de peixes, desde charrocos a ruivos, e mesmo uma população de golfinhos roazes, que deliciam as viagens de barco locais e mergulhadores na região.